Livros - 0821L


APRESENTAÇÃO

Arminda Rachel Botelho Mourão

Os trabalhos publicados neste e-book, editado pela ANPAE-AMAZONAS, são frutos de pesquisas efetivadas nas Universidades da Região Norte. Ressaltamos sua importância, pois permitiu que divulgássemos os conhecimentos construídos com muita seriedade e rigor científico.

Esclarecemos que pesquisar é uma das formas de resistência aos ataques à Educação Pública, por isso, elaboramos a comunicação de resultados de pesquisas que nos permite conhecer cada vez mais a região, contribuído, desta forma. para a construção de Políticas Públicas.

Buscamos com esta exposição estimular o leitor a mergulhar nas leituras de modo a conhecer a construção do conhecimento que ocorre no Estado do Amazonas. Apresentamos com carinho cada trabalho desenvolvido.

O texto intitulado “A relação público-privado na Educação Pública municipal de Manaus”, de autoria de Rudervania da Silva Lima Aranha e Selma Suely Baçal de Oliveira, trata da implantação do Projeto de Expansão e Melhoria Educacional da Rede Pública de Manaus – PROEMEM, o qual custou para o Município de Manaus o empréstimo de U$$ US$ 52.000.000,00 (cinquenta e dois milhões de dólares) dos Estados Unidos da América.

As autoras enfatizam que o banco interamericano de desenvolvimento é uma das agências que tem a função de promover a ideologia do mercado. Ao propagandear a importância da educação para a nova ordem mundial, introduz no público a lógica do privado, subvertendo o processo educacional ao impor transferência de responsabilidades públicas de âmbito educacional para entidades privadas, deixando de formar para a cidadania.

As (os) autoras (res) Cíntia Adélia de Silva, Antônio Carlos Maciel e Arminda Rachel Botelho Mourão no texto “Repercussão das políticas nacionais de educação integração em Manaus-AM” analisam a repercussão das políticas nacionais, através dos percursos da educação de tempo integral em Manaus, levando em consideração a gestão, o currículo e a metodologia empregada para a consecução da proposta.

Iniciam discutindo o Programa Mais Educação enfatizando a polêmica sobre a concepção de educação integral, trabalhando as inúmeras concepções da temática. Abordam a problemática da educação integral no Município de Manaus, apontando os desafios e enfrentamentos necessários desenhando o percurso trilhado para sua implantação e implementação. Apresentam também o percurso metodológico trilhado na pesquisa para posteriormente apresentarem a repercussão da política nacional de educação integral no sistema das escolas de tempo integral em Manaus.

O texto “Meta 06 do Plano Estadual de Educação 2015-2025: análise da educação em tempo integral no sul do Amazonas”, de autoria de Dorys Lorena Santos de Carvalho e Ângela Maria Gonçalves de Oliveira, objetivou compreender como os municípios que pertencem ao Sul do Amazonas, estão colocando em prática as metas estabelecidas no Plano Estadual de Educação para o decênio, 2015-2025, especificamente em relação à meta 6 que trata sobre a educação integral.

Iniciam o texto discutindo a concepção de educação integral de Proudhn, Bakunin e de Manacorda para precisar o conceito de Educação em Tempo integral e trazem a história para mostrar as diversas tentativas de implantar a Educação Integral no Brasil. Enfatizam a proposta de Educação Integral que está inserida no Plano Nacional de Educação – Meta 6, afunilando a discussão para o Plano Estadual de Educação e para o Plano Municipal de Educação dos Municípios de Humaitá e Lábrea.

A mestranda do Programa de Pós-Graduação da UNIR desenvolve o texto “A Educação Integral para a formação humana no Amazonas”. Inicialmente discute a contextualização da Educação Integral no Brasil e a teorização da formação humana onde esse modelo de educação foi concebido por Anísio Teixeira. Faz alusão também a concepção engendrada por Darcy Ribeiro. Posteriormente estabelece uma discussão sobre os aportes legais que normatizam a implantação da Educação Integral no Brasil.

A questão indígena é abordada no texto intitulado “A trajetória educacional e os desafios de estudantes universitários (as) indígenas no Município de Humaitá – AM”, escrito por Alberlândia de Lima Bernardo e Adriana Francisca de Medeiros a partir da perspectiva indígena, inicia com a belíssima fala de Alberlândia, que é da etnia indígena PUYANAWA. No seu relato a autora narra o seu itinerário de formação. Esse caminho trouxe algumas indagações sendo que a principal foi justamente perguntar: o que o Curso Superior significava para os indígenas? E é justamente revivendo as memórias formativas e questionando-as que impulsionou o desenvolvimento da pesquisa, indo buscar o percurso da vida acadêmica de outros indígenas que ingressaram no ensino superior.

As autoras discutem não só a trajetória, mas dão ênfase as oportunidades que surgiram no processo de formação escolar indígena, como também relatam as dificuldades enfrentadas no processo, que perpassam pela questão documental necessária para configurar o estudante como pertencente a uma determinada etnia, assim como sua adequação as normas de seleção e permanência na Universidade. É um texto profundo que nos aponta o enfrentamento que o coletivo indígena tem que enfrentar.

O texto “Saberes indígenas na escola: teoria e a prática no ensino e desenvolvimento dos professores indígenas”, escrito por Alcioni da Silva Monteiro, Kellyane Lisboa Ramos e Suely Aparecida do Nascimento Mascarenhas, objetiva trabalhar como o programa Saberes Indígenas na Escola tem colaborado para a construção de uma escola diferenciada, intercultural e bilíngue.

Os passos trilhados pelas autoras foi, primeiramente, resgatar a história de luta para conseguir o direito à educação indígena, levando em consideração as contradições existentes no processo, estabelecendo o debate sobre a identidade dos povos indígenas do Sul do Amazonas. Enfatizam que a escola é um espaço importante para construir processos identitários, manter e revitalizar a cultura indígena.

O trabalho de Kellyane Lisboa Ramos, Alcioni da Silva Monteiro e Eulina Maria Leite Nogueira mostra que a questão indígena passa a todo momento por transformações e ressignificações de sua cultura, havendo mudanças em sua cosmologia e maneiras de sobreviver. Enfatizem as lutas como prova de sua capacidade transformando-os em agentes de sua própria história e, desta forma, a população indígena organizou-se para garantir seus direitos.

Assim o trabalho “Estudantes indígenas no ensino superior: diferentes perspectivas no IEAA UFAM HUMAITÁ-AM”, precisa as lutas travadas por direitos e enfatiza que a educação permite a construção de trajetórias emancipadoras.

O artigo “O trabalho docente e práticas pedagógicas da educação do campo no mundo contemporâneo” evidencia as dificuldades e os desafios que os professores que trabalham em classes multisseriadas no campo amazônico têm que responder. Parte da discussão sobre a formação e o trabalho de docentes no campo amazônico, apontado para a possibilidade da construção de um novo paradigma que visa a educação integral das crianças, jovens e adultos que residem no contexto rural.

Assim, as autoras Marinez dos Santos de Paula e Eulina Maria Leite Nogueira afirmam que a educação do campo ao se pautar na diversidade cultural valoriza os moradores do campo e, ao respeitar suas formas de vida, seus valores, consolida a Escola do Campo. Desta forma, o processo de formação de professores é fundamental para uma educação de qualidade socialmente referenciada, na qual a prática pedagógica respeita os valores dos homens e das mulheres do campo e criam referenciais que indiquem processos emancipatórios.

Ao escrever o texto “Os impactos de uma iniciativa da gestão estadual em uma escola do interior do Amazonas” o professor Raimundo Valcemir Sabóia Gouveia apresenta os impactos do III Circuito de Experimentos de Baixo Custo (CEBAC), conforme foram percebidos na Escola Estadual Maria Calderaro (EEMC).

Discute a relevância do ensino de ciência, enfatizando os recursos utilizados com os experimentos. Afirma que existe, possibilidades de inovação ao promover a alteração da rotina didática, mobilizando a criatividade, superando as dificuldades vividas no cotidiano escolar. Assim, o espaço escolar transforma-se em espaço criativo de aprendizagem, não só do aluno, mas também, do professor envolvido no processo.

O texto “Cadernos de formação do PNAIC: subsídios para as práticas pedagógicas das professoras alfabetizadoras” de autoria das pesquisadoras Neila Gonçalves Vinente e Eliane Regina Martins Batista, traz uma análise do PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, enfatizando que a produção e mobilização dos conhecimentos são efetivados pelas professoras alfabetizadoras, para tal essas profissionais têm que ter clareza do ato de ensinar.

No processo de formação os conceitos de criança e infâncias foi debatido e apontam a premissa que o educador tem que estar aberto para que o desenvolvimento social, cultural e cognitivo das crianças seja respeitado, considerando a pluralidade existente na escola. Essa compreensão reconhece que o aluno é sujeito do processo de aprendizagem, que como cidadão tem direitos e deveres.

Assim a pesquisa verificou a concepção dos professores e professoras do que seja o processo de alfabetização, ficando claro que a alfabetização não é só o ato de ensinar a ler, de adquirir os mecanismos da leitura. Ao entender que o significado da alfabetização é um ato crítico e social, existe a possibilidade concreta de desenvolver sequências didáticas e pedagógicas que permitem aprendizagens significativas. Para tal, a organização do trabalho pedagógico ganha relevância ao forjar a reflexão sobre o ato de aprender.

As pesquisadoras reconhecem a importância do processo de aprendizagem que o PINAIC engendra, mas mostram as dificuldades que a organização do trabalho no cotidiano escolar traz na implementação de ações que levem a processos de trabalho significativos, tanto para o professor como para o aluno.

A Educação científica é fundamental para que o Brasil forme pesquisadoras e pesquisadores que possam responder pela Ciência e Tecnologia do país. Desta forma o artigo “Educação Científica: o que dizem os anais do ENPEC (1997-2015)”, de autoria de Thais de Souza Quirino e Eliane Regina Martins Batista traz a análise das produções científica publicadas nos anais dos Encontros Nacionais de Pesquisa em Educação em Ciências, objetivando entender o que essas produções trazem para o desenvolvimento da iniciação científica na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Ao analisar as produções as autoras concluem que há poucas pesquisas que trabalharam a Educação/Alfabetização Científica na Educação infantil. Ressaltam que não encontraram nenhum trabalho na Região Norte, inferindo que a organização das práticas e a formação de professores não priorizam o processo de Alfabetização Científica.

As autoras concluem que é necessário compreender que a organização do trabalho pedagógico é fundamental para os processos de Alfabetização Científica e que esta possibilita à criança a leitura do mundo que a cerca, estimulando a criatividade e a compreensão do contexto social vivenciado no cotidiano, ultrapassando práticas que apenas memorizam e estabelecendo o processo de letramento, tão necessário para pensar o mundo.

A Política de inclusão tem sido palco de disputas, embora a inclusão venha sendo efetivada na política educacional desde a década de 1990, tem sofrido no Governo Bolsonaro sérios revezes. Assim, o texto intitulado “A prática pedagógica na interface da inclusão de estudantes com transtorno do espectro autista no ensino fundamental” de autoria Dnávia Miranda Neves Lobato Vera Lúcia Reis da Silva, traz uma grande contribuição para a educação especial inclusiva.

O texto objetiva apresentar a contribuição da prática pedagógica de professores da Sala de Recursos Multifuncionais (SRM) para a inclusão de estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) em uma escola pública de Ensino Fundamental no município de Humaitá/AM.

As autoras discutem a educação especial, apontando a importância de efetivar a educação formal para as crianças com TAE. Trazem no processo de discussão a prática pedagógica dos professores e professoras nas Salas de Recursos Multifuncionais. Afirmam que há contribuição efetiva no desenvolvimento cognitivo social e afetivo das crianças da escola estudada, devido, principalmente o trabalho da professora da Sala de Recursos Multifuncionais da escola em questão.

Esperamos que a leitura deste material possa ser mais um incentivo às reflexões de nossa realidade social e que se chegue ao entendimento que fazemos pesquisa sim no Estado do Amazonas. O debate deve ser permanente frente a problemática Educacional Amazônica, o que exige enfrentamento político dada a situação em que se encontra o país. É fundamental que se entenda o contexto político para lutar por Políticas Públicas que priorizem o Público.


SUMÁRIO

PREFÁCIO
Ney Cristina Monteiro de Oliveira

APRESENTAÇÃO
Arminda Rachel Botelho Mourão

CAPÍTULO I - A RELAÇÃO PÚBLICO-PRIVADA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL DE MANAUS
Rudervania da Silva Lima Aranha
Selma Suely Baçal de Oliveira

CAPÍTULO II - REPERCUSSÃO DAS POLÍTICAS NACIONAIS DE EDUCAÇÃO INTEGRAÇÃO EM MANAUS-AM
Cintia Adélia da Silva
Antônio Carlos Maciel
Arminda Rachel Botelho Mourão

CAPÍTULO III - META 06 DO PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO 2015-2025: ANÁLISE DA EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL NO SUL DO AMAZONAS.
Dorys Lorena Santos de Carvalho 
Ângela Maria Gonçalves de Oliveira

CAPÍTULO IV - EDUCAÇÃO INTEGRAL PARA A FORMAÇÃO HUMANA NO AMAZONAS
Lenilda Molina Guerreiro Reis

CAPÍTULO V - A TRAJETÓRIA EDUCACIONAL E OS DESAFIOS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS (AS) INDÍGENAS NO MUNICÍPIO DE HUMAITÁ – AM
Alberlândia de Lima Bernardo
Adriana Francisca de Medeiros

CAPÍTULO VI - SABERES INDÍGENAS NA ESCOLA: TEORIA E A PRÁTICA NO ENSINO E DESENVOLVIMENTO DOS PROFESSORES INDÍGENA
Alcioni da Silva Monteiro
Kellyane Lisboa Ramos
Suely Aparecida do Nascimento Mascarenhas

CAPÍTULO VII - ESTUDANTES INDÍGENAS NO ENSINO SUPERIOR: DIFERENTES PERSPECTIVAS NO IEAA UFAM HUMAITÁ-AM
Kellyane Lisboa Ramos
Alcioni da Silva Monteiro
Eulina Maria Leite Nogueira

CAPÍTULO VIII – 0 TRABALHO DOCENTE E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
Marinez dos Santos de Paula
Eulina Maria Leite Nogueira

CAPÍTULO IX - OS IMPACTOS DE UMA INICIATIVA DA GESTÃO ESTADUAL EM UMA ESCOLA DO INTERIOR DO AMAZONAS
Raimundo Valcemir Sabóia Gouveia

CAPÍTULO X - CADERNOS DE FORMAÇÃO DO PNAIC: SUBSÍDIOS PARA AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DAS PROFESSORAS ALFABETIZADORAS
Neila Gonçalves Vinente
Eliane Regina Martins Batista

CAPÍTULO XI - EDUCAÇÃO CIENTÍFICA: O QUE DIZEM OS ANAIS DO ENPEC (1997-2015)
Thais de Souza Quirino
Eliane Regina Martins Batista

CAPÍTULO XII - A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA INTERFACE DA INCLUSÃO DE ESTUDANTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Dnávia Miranda Neves Lobato
Vera Lúcia Reis da Silva

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