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APRESENTAÇÃO

Construir Universidades de Classe Mundial é uma ambição exigente no mundo de hoje. Ainda que as instituições de ensino superior, mediante dinâmicas como a mobilidade dos alunos, o desenvolvimento e aprofundamento das tecnologias de informação, a economia do conhecimento, o aumento da oferta de programas internacionais, reúnam e estejam cada vez mais familiarizadas com numerosos instrumentos de internacionalização, é hoje claro que essas dinâmicas integram dimensões internacionais, interculturais ou globais insondáveis.

As experiências de competitividade no universo mundial do Ensino Superior em busca de alunos, mas também de recursos para investigação de ponta, de intangíveis, em suma, de valor, são conhecidas e definem em grande parte o contexto globalizado desse universo. Neste contexto, os rankings universitários internacionais vêm ganhando importância e credibilidade nos sistemas de ensino por meio das suas métricas, critérios e requisitos de avaliação, permitindo às instituições se projetarem para ascender à liga das melhores universidades do mundo, ainda que, no entanto, as suas fragilidades sejam por demais conhecidas. Do desajustamento de algumas dimensões, à variedade e diversidade das IES; da dificuldade de medir com os mesmos instrumentos níveis de investigação em áreas científicas diferentes, à mercantilização dessa mesma investigação, muitas e diversas perspectivas determinam que os rankings académicos se tenham tornado em simultâneo uma maldição e uma aspiração.

Acresce que essas temáticas se cruzam em tempos complexos, no final de um período marcado por um tempo diferente, em que a pandemia de covid- 19 impôs às pessoas, às instituições, aos sistemas de ensino superior e às relações multilaterais desafios antes inimagináveis; em que as confortáveis rotinas foram quebradas e novas capacidades foram testadas; neste intermezzo, saíram reforçadas as relações institucionais e pessoais, assim como a força das redes de cooperação. Foi assim com a FORGES, que em 2020 comemorou o seu décimo aniversário e que, apesar dos constrangimentos à mobilidade internacional, soube, enquanto rede, ser um fórum de partilha, de aprendizagem e de investigação na gestão das Instituições de Ensino Superior dos Países e Regiões da Língua Portuguesa. Da 10.ª Conferência FORGES, subordinada ao tema O Ensino Superior na Era Digital nos Países e Regiões de Língua Portuguesa: Desafios e Propostas, surge o ambiente para a reflexão desta obra.

Na interseção entre a ambição da construção de Universidades de classe mundial, com a relevância e fragilidade dos instrumentos de primeira geração, como são os rankings acadêmicos, e a partilha de boas práticas e de reflexão das IES em redes como a FORGES ou a ANPAE nasceu esta obra. Aos seus organizadores, Adolfo Ignácio Calderón, Marco Wandercil, Dora Maria Ramos Fonseca e Samile Andrea de Souza Vanz, devemos ser gratos pela simplicidade da estrutura de uma obra que agrega o pensamento de reputados autores internacionais, como Ellen Hazelkorn, Philip G. Altbach, Jamil Salmi e Mário

Luiz Neves de Azevedo, com as experiências e reflexões de grupos de investigadores e gestores de IES de Angola, Brasil, Moçambique e Portugal, que têm colaborado no âmbito da Academia FORGES. No final, ficam os caminhos de esperança que nos apontam com o desafio de equilibrar a excelência na ciência mundial com sistemas de ensino superior de qualidade mundial acessíveis ao maior número de pessoas. Esta é uma obra de colaboração e de esperança.

Professora Doutora Margarida Mano.
Universidade Católica Portuguesa - Coimbra, Portugal.
Presidente da FORGES - Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e
Regiões de Língua Portuguesa


SUMÁRIO

PREFÁCIO

INTRODUÇÃO

PARTE I - CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA

"Os Custos e os Beneficias das Universidades de Classe Mundial"
Philip G. Altbach

"Iniciativas de excelência para formar universidades de classe mundial: funcionam?"
Jami!Salmi

"Universidades de classe mundial ou um sistema de ensino superior de classe mundial. Impulsionando o crescimento regional?"
Ellen Hazelkorn

"Governança Educacional e Benchmarking: pe, formatividade, indicadores e as chamadas "boas práticas" em tempos de plataformas digitais"
Mário Luiz Neves de Azevedo

PARTE II - CONTEXTUALIZAÇÃO EM PAÍSES LUSÓFONOS

"O modelo de universidade de classe mundial à luz da realidade do ensino superior moçambicano"
Nobre Roque dos Santos
Martins JC-Mapera

"A construção do conceito deWorld Class University: um estudo a partir da metanálise em torno das políticas de financiamento para a investigação e divulgação científica"
Dora Maria Ramos Fonseca

"Universidades de classe mundial: Tendências à luz dodesempenho das universidades brasileiras nos principais rankings acadêmicos mundiais"
Adolfo Ignacio Calderón
Marco Wandercil
Maynara de Oliveira Ribeiro

"Universidade de classe mundial x Sistemas de excelência no ensino superior: tensões e desafios na era digital em Angola"
Alfredo Buza
Juliana Canga

"O Ensino Superior em África: potencialidades, desafios e perspectivas"
Bartolomeu L. Varela

"As Universidades Brasileiras nos rankings universitáriosinternacionais:desempenho e divulgação"
Monique Finn Duarte
Artur Basílio Venturella Alves
Samile Andrea de Souza Vanz